Carregando...

Notícias

Notícia

Como definir o salário do empreendedor

O conhecido pró-labore, ou salário “pelo trabalho” é um dos temas mais polêmicos a ser definido em um planejamento da empresa. Apesar de ser um processo opcional, são essas retiradas mensais que acabam sustentando, efetivamente, o CEO ou empreendedor no início da startup. Alguns empreendedores não precisam do salário, enquanto outros dependem disso.

O conhecido pró-labore, ou salário “pelo trabalho” é um dos temas mais polêmicos a ser definido em um planejamento da empresa. Apesar de ser um processo opcional, são essas retiradas mensais que acabam sustentando, efetivamente, o CEO ou empreendedor no início da startup. Alguns empreendedores não precisam do salário, enquanto outros dependem disso. Mesmo que ele não precise, ter um salário coloca um pouco de responsabilidade e disciplina entre os próprios sócios e viabiliza uma forma de poder cobrar, porque o trabalho “está sendo pago”.

As dúvidas nesse ponto são reais e bem fundamentadas. Afinal, qual o limite de retiradas para que não prejudique o caixa? É uma conta difícil de se fazer, ainda mais tendo em mente que, quanto mais dinheiro sobrar, mais capital haverá para reinvestir e fazer o negócio decolar. O tema é controverso e não há um certo ou errado, mas, no geral, a definição deve considerar o momento do empreendedor, do mercado e, principalmente, da startup.

Existem diversas maneiras de determinar o pró-labore, como realizar uma pesquisa e fazer um comparativo básico de empresas do mesmo estágio para encontrar uma média salarial, definir as atividades e tarefas que o profissional desempenhará e entender quanto custaria contratar um profissional externo para executá-las, entre outros. Essas bases darão um valor estimado, que, junto ao histórico do empreendedor e seu momento de vida (idade, experiência, família) podem orientar a definição de um salário que deixará o profissional confortável e um pouco mais tranquilo para fazer a roda da startup girar.

E quando pontuo conforto, não falo de esbanjar, mas delimitar um montante de retiradas mensais que o deixe confortável para cuidar de sua família e despesas pessoais de maneira “espartana”, mas o suficiente para ter a cabeça focada no momento do negócio. Afinal, essa pessoa precisa estar livre de preocupações para poder tocar, tranquilamente, o negócio sem grandes distrações.

Lembro, porém, que como fundadores, é natural que o salário seja abaixo do mercado no início do negócio, mas a existência de um valor definido é saudável e faz com que a relação seja mais profissional e valorizada por todos. Em minha experiência, por exemplo, já vivenciei práticas em que sócios recebiam o equivalente a 30% do valor do mercado para a mesma função e, quando atingiram o break even, equipararam suas retiradas a 100% de um salário do mercado. Ou seja, quanto maior forem os ganhos da startup, maior pode ser a fatia do empreendedor, a fim de mantê-lo motivado e valorizado como profissional. Vale ressaltar que o maior ganho do fundador são suas ações e que por isso algum sacrifício é aceitável.

Para cenários em que há sócios investidores, é importante entender que esses sócios não trabalham diretamente para o negócio e não dependem da renda de retiradas mensais para se sustentar – não tendo também grandes preocupações se há ou não fluxo de caixa; ao contrário do empreendedor, que, além de atuar para si, acaba trabalhando para valorizar as ações dos investidores. Então, é justo que tenha uma remuneração a parte das ações. Se o empreendedor precisa de um salário, ele vai fazer bicos para ter uma receita, isso tira horas e o foco da startup. Ou seja, se ele não estiver empenhado 100% no projeto e não trabalhar (muito!) nisso, ninguém ganha!

Nessa conta, o foco deve ser em evitar ou minimizar os impactos da montanha russa emocional que é liderar uma empresa, diminuindo problemas de impacto financeiro que afetam, enormemente, a saúde emocional do fundador, que é quem “faz a coisa acontecer”, efetivamente! A perda de tempo, energia e foco podem gerar mais estresse, conflitos interpessoais e diminuir a velocidade de crescimento da startup, fazendo com que isso tenha um custo muito mais alto que um salário.